A gestação e o pós-parto são considerados uma crise evolutiva biológica na vida de uma mulher que exige várias adaptações, essas adaptações não são somente as biológicas, mas também psicológicas e sociais. Ao engravidar cada mulher irá vivenciar esta experiência de forma única e individual, sendo ela atravessada por todo histórico de vida, o contexto na qual a gestação aconteceu a gestação também é de extrema importância.
A depressão está cada vez mais frequente na vida das mulheres, cerca de 10 a 15% das mulheres em países desenvolvidos apresentam a depressão durante o ciclo gravídico e puerperal e cerca de 25% das mulheres de países em desenvolvimento apresentam o mesmo quadro clínico, isso significa que 01 a cada 04 mulheres em países em desenvolvimento tem depressão durante o período perinatal. Não é sempre que a depressão se inicia no pós-parto imediato ou no (período puerperal), cerca de 25% das mulheres a depressão iniciaram-se durante o período gestacional, com picos acontecendo no primeiro e terceiro trimestre.
Cerca de 15% das gestantes são acometidas por doenças psiquiátricas, a que mais se destaca é a depressão, e cerca de 10% das gestantes são expostas a pelo menos uma medicações psiquiátricas durante este período. Apesar da alta prevalência apenas 01 a cada 05 mulheres buscam por tratamento especializado. Não podemos esquecer que a maioria das gestantes não são diagnosticadas corretamente e não recebem o tratamento adequado, a maioria, não passam por nenhuma avaliação psicológica ou psiquiátrica durante este período.
A ansiedade e a depressão que não são tratadas adequadamente podem trazer grandes prejuízos na vida da mãe e do bebê, incluindo nascimento prematuro e baixo peso, efeitos negativos no desenvolvimento cognitivo e emocional da criança e também pode levar a mãe ao suicídio.
Apesar de muitos acreditarem que a depressão perinatal é decorrente as oscilações hormonais, a depressão é multifatorial, não tem uma causa única há vários fatores de risco como:
- História prévia de doenças psiquiátricas ou história familiar de doença psiquiátricas;
- Presença de complicações coma gestação atual ou de antecedentes obstétricos negativos como, gestação de alto risco, aborto, luto perinatal, malformação fetal, parto prematuro, violência obstétrica etc.
- Fatores socioeconômicos como: Falta de suporte familiar, violência doméstica, ausência do parceiro (a), gestação não planejada, gestação na adolescência, histórico de abuso sexual, uso e abuso de substância etc.
A depressão perinatal caracteriza-se pela presença constante dos seguintes sintomas por no mínimo duas semanas:
Tristeza constante, choro excessivo, alterações de humor, sentimento de culpa, baixa autoestima, cansaço excessivo, dificuldades de se relacionar com o bebê, medo de não conseguir ser boa mãe, irritabilidade, perda de apetite, sentimento de vergonha, ansiedade, falta de prazer nas atividades que gostava, pensamentos de prejudicar o bebê e si mesma, pensamentos suicidas e Insônia, isolamento social, dificuldade com o novo papel social. Se você apresenta alguns desses sintomas busque fazer uma avaliação psicológica.
Cerca de 10% a 15% das mulheres apresentam o quadro depressivo de 01 a 02 anos após o nascimento o bebê, o estado de alerta não são somente no pós-parto imediato é estendida por mais dois anos. Por isso é importante fazer bom Pré-natal -Psicológico, para ter uma assistência adequada e um tratamento assertivo.
FLÁVIA MARIANE DUTRA COMINE MATTA
Esp. Psicologia Perinatal Obstétrica
CRP 06/133511