O nascimento de um bebê é um momento marcante na vida de toda mulher. Porém, junto com a felicidade, também pode ser um período desafiador, caracterizado por intensos sintomas emocionais e físicos chamados de disforia puerperal ou baby blues. Embora isso possa ser assustador, mas trata-se de uma condição passageira, relacionada às mudanças hormonais e à adaptação à nova rotina, que geralmente desaparecem em até duas semanas após o parto. Importante destacar que não se trata de um transtorno psíquico, mas um estado reativo do período.
Os sintomas mais comuns são: oscilações de humor, choro frequente, irritabilidade, insônia, choro fácil, fadiga, medo ansiedade, insegurança quanto a maternidade, insegurança para cuidar do bebê, alteração no apetite etc. As primeiras descrições desses sintomas disfóricos surgiram no final do século XIX, sendo inicialmente denominados como “tristeza materna” (maternity blues). Com o passar do tempo, diversas terminologias foram utilizadas, mas o termo mais difundido e reconhecido atualmente é baby blues.
Estima-se que entre 85% das mulheres apresentem sintomas do baby blues. Embora essas manifestações sejam consideradas respostas comuns e esperadas ao período de pós-parto, não deixam de causar sofrimento significativo para a mulher ou para o casal. Compreender o baby blues é essencial para o acolhimento das puérperas, pois, se os sintomas persistirem por mais de 15 dias, pode evoluir para um quadro depressivo. A depressão pós-parto acomete cerca de 25% das mulheres, ou seja, aproximadamente uma em cada quatro, podendo surgir até dois anos após o parto, por isso, é fundamental que a mulher tenha acompanhamento contínuo para identificar sinais de alerta precocemente e receber os cuidados necessários, promovendo seu bem-estar emocional e uma adaptação saudável.
Os sintomas de baby blues são frequentemente confundidos com os da depressão pós-parto. O que os diferenciam é a intensidade e a durabilidade das manifestações dos sintomas, o baby blues é transitório enquanto a depressão apresenta sintomas mais intensos e persistentes, capaz de comprometer a capacidade funcional da mãe e consequências a saúde física e cognitiva do bebê. Por isso, é fundamental observar a mulher neste período. Todo cuidado e atenção com a saúde emocional da puérpera devem ser redobrados, incluindo acompanhamento profissional adequado, para identificar os sinais de alerta e fazer intervenções precoces.
O baby blues, por ser uma fase passageira, geralmente não requer tratamento medicamentoso, já que os sintomas tendem a desaparecer espontaneamente. No entanto, por se tratar de um período de grande vulnerabilidade psíquica, exige atenção. Mesmo sendo um episódio temporário, buscar suporte psicológico especializado pode ser útil, para ajudar a puérpera e o casal a lidarem com as suas emoções e a compreenderem seus novos papéis sociais e fazerem a transição para parentalidade de forma mais saudável possível.
Ter uma rede de apoio estruturada composta por familiares, amigos, profissionais de saúde e contatos sociais pode aliviar a sobrecarga e reduzir os sintomas. Essa rede é fundamental para que a mulher se sinta protegida, ouvida, acolhida e fortalecida para enfrentar os desafios do pós-parto, pois rede de apoio é um fator de proteção a saúde mental perinatal, pode prevenir possíveis adoecimentos psiquicos.
FLAVIA MATTA
ESP. PSICOLOGIA PERINATAL OBSTETRICA
CRP 06/133511
@flaviapsiobstetrica