Cresci ouvindo minha mãe dizer: “ envelhecer é uma joça, que significava: desgraça, geringonça…”! enfim algo ruim!!
Vi minha avó materna, morrer aos 65 anos, e ela era uma idosa mesmo, roupas escuras, trabalho doméstico, apesar de ser uma pessoa alegre, estava sempre contida, fazia doces como ninguém e vivia para cuidar dos filhos e netos. Seus desejos? Não tenho a menor idéia…
E com esses parâmetros em mente construí a imagem do idoso e da idosa… No final do ano completo 71 anos e reflito: não me sinto uma JOÇA… e não me vejo “velha” como aparentava a minha avó.
O que mudou? Será que foi só eu que mudei? O mundo mudou?
A resposta é sim… a área de saúde proporcionou longevidade em conjunto com a melhoria da qualidade de vida em suas múltiplas dimensões: funcional, cognitiva, social, prevenção de síndromes geriátricas, polimedicação, imobilidade etc.
Mas será que as pessoas, as famílias, a sociedade, as cidades mudaram?
A OMS adverte: “até 2030, 1 em cada 6 pessoas terá 60+ anos…..”
Entre viver mais e viver melhor
Outubro é um mês especial para refletirmos sobre um dos maiores desafios e conquistas da humanidade: a longevidade. Mais do que a soma dos anos vividos, a longevidade é hoje entendida como a capacidade de viver muito tempo com saúde, dignidade, autonomia e bem-estar.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), não basta aumentar a expectativa de vida — é essencial garantir a chamada expectativa de vida saudável (HALE), ou seja, os anos vividos com qualidade, sem limitações incapacitantes. A OMS resume esse compromisso no conceito de envelhecimento saudável, definido como o processo de desenvolver e manter a funcionalidade que permite bem-estar em idade avançada. Para isso, são fundamentais tanto as capacidades físicas e mentais de cada pessoa quanto os ambientes em que vivem e interagem.
O Ministério da Saúde do Brasil caminha na mesma direção. Em suas políticas públicas, associa longevidade à ideia de envelhecimento ativo: ampliar não apenas o tempo de vida, mas assegurar que os anos adicionais sejam vividos com independência, participação social e prevenção do declínio funcional.
Assim, o cuidado com a saúde do idoso não se restringe à velhice, mas se constrói ao longo de todo o ciclo vital — do pré-natal à maturidade — como estratégia de promoção, prevenção e inclusão. Você já começou a construir a sua longevidade?
Celebrar outubro como o Mês da Longevidade é, portanto, um convite à sociedade para repensar valores e práticas, em relação a:
- Políticas públicas que devem criar condições para ambientes saudáveis, acessíveis e solidários. Como Marilia vem pensando nisso? Temos espaços de convivência, temos acessibilidade? Temos uma cidade que pensa como os idosos se locomovem?
- Profissionais de saúde que precisam olhar além da doença, fortalecendo a autonomia e a integralidade do cuidado. A longevidade crescente mostra que as unidades de atenção primária precisam ser fortalecidas, modelos de cuidado menos hospitalocêntricos e mais centrados na pessoa, políticas de saúde pública focadas em promoção e prevenção, e adoção de avaliação multidimensional no atendimento ao idoso. Como as nossas unidades de saúde promovem esse cuidado? Ou ainda somos tratados e tratadas como: “lá vem aquela vozinha chata que cada hora tem uma dor” E bota ETARISMO nessa fala!!
- Famílias e comunidades que são chamadas a resgatar o lugar de respeito, convivência e afeto para com os mais velhos. E aqui percebo que muitas famílias, muitas pessoas ainda consideram o idoso como um estorvo, como alguém que não tem mais nada a contribuir!! Os filhos se acham no direito de saberem o que os pais precisam sem sequer perguntar qual o desejo deles, assim como fiz com a minha avó!!
- Cada indivíduo, por sua vez, pode cultivar hábitos saudáveis, conexões sociais e projetos de vida que deem sentido ao envelhecer. Como Marilia incentiva, realiza intervenções nesse sentido? Desde lazer, atividade físicas e desenvolvimento de projetos com a participação dos idosos.
A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG)em seu livro “Saúde do idoso” (coordenado /organizado com participação da SBGG), trazem uma visão multidimensional do envelhecimento: o idoso não é visto apenas como portador de doença, mas como pessoa cujo contexto de vida, cultural, mental, espiritual, importa.
Mesmo assim na página “Envelhecimento e longevidade”, a SBGG afirma que o avanço da idade é o principal fator de risco para doenças crônicas e degenerativas na população idosa, e que a longevidade requer atenção especial a esses riscos. A SBGG destaca que a medicina geriátrica e gerontológica têm como missão “proporcionar longevidade com melhor qualidade de vida e atenção integral para a população idosa”.
Envelhecer é inevitável; envelhecer com saúde e dignidade deve ser uma conquista coletiva. Outubro nos lembra que longevidade não é apenas quantidade de anos, mas qualidade de vida nesses anos. Viver mais é bom. Viver melhor é essencial.
E o município de Marilia faz sua parte: VIRADA DA LONGEVIDADE
Nos dias 03, 04 e 05 de outubro ocorrera no município, a I VIRADA DA LONGEVIDADE, primeira de muitas, dando início à elaboração e desenvolvimento da Política Municipal da Longevidade. A VIRADA foi elaborada a partir de um trabalho multisetorial ( secretaria da saúde, da educação, esporte, cultura, cidadania, planejamento), além de contar com muitas parcerias, tais como: APCD, Instituto de Longevidade, Instituto do Cérebro e CODEM.
A VIRADA é um movimento PARA e COM a população 60e+, protagonizada por essas pessoas.
A VIRADA DA LONGEVIDADE é um evento para mostrar para a sociedade que o envelhecimento não é um fenômeno marginal e que deve ser reconhecido como o novo normal, exigindo transformações nas políticas, nos serviços de saúde e na cultura social.
Esse movimento ajuda a mudar a cultura e os valores, inclui rever preconceitos: combater o idadismo/etarismo (discriminação por idade) e valorizar a contribuição dos mais velhos. Significa reposicionar o idoso como sujeito de direitos, com autonomia, participação social e protagonismo.
A 1ª Virada da Longevidade de Marília está chegando!
Prepare-se para um evento especial, feito para toda a família!
Serão três dias de atividades incríveis, unindo gerações e celebrando a longevidade com muita energia, diversão e informação.
A participação é gratuita, mas a inscrição é obrigatória para garantir sua vaga em cada dia do evento. Confira a programação e use o QR Code na imagem para se inscrever!
* Abertura: 03/10 (sexta) – 19h | APCD
* Atividades: 04/10 (sábado) – das 9h às 15h | APCD
* Caminhada da Longevidade: 05/10 (domingo) – 8h30 | Praça da EMDURB
Como ler o QR Code no seu celular:
1. Tire um “print” da tela com o QR Code.
2. Vá até sua galeria e abra a imagem.
3. Clique no QR Code na foto – o link de inscrição irá aparecer!
Se precisar de ajuda para se inscrever, entre em contato com o Instituto Longevidade pelo WhatsApp: (14) 99175-6059
Endereço APCD : Avenida das Esmeraldas, 1001
Participe e celebre a vida em todas as idades!
#ViradaDaLongevidade #MêsDoIdoso #Marília #Saúde
https://www.instagram.com/p/DO-xqgLiCRt/?igsh=YWRmd2Uwam52d2kx
Referências Bibliográficas:
2017 — Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa (versão atualizada) & Manual de Utilização (2018)
2018 — Orientações técnicas para a Implementação da Linha de Cuidado da Pessoa Idosa no SUS
Página institucional (atualizada continuamente) — Saúde da Pessoa Idosa / Diretrizes / Ações
2021 — Global report on ageism (Relatório Global sobre Idadismo)
2021–2030 — UN Decade of Healthy Ageing (Década do Envelhecimento Saudável)
2023 — Guia de Cuidados para a Pessoa Idosa (MS)
2023 — Progress report on the UN Decade of Healthy Ageing (2021–2023)
2024 — Beyond the Decade of Healthy Ageing: extending benefits across the life course
2024 (2ª edição/atualização) — ICOPE Handbook / abordagem ICOPE (página e manual)
2024 — Cartilha ‘Pessoas idosas’ (Saúde mental e atenção psicossocial em desastres)
2025 — MS realiza pesquisa para atualizar a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI)
2025 — Ficha técnica ‘Cuidado da pessoa idosa’ (APS/ESF) — atualizada.”